Criação ou Evolução?

Eu, particularmente, acredito nas duas teorias. Entendo que elas não são incompatíveis como os seguidores extremistas de ambas dizem. Alguns chegam até a dizer que uma exclui a outra. Acredito que uma explica o que a outra não pode explicar. Exemplo: uma explica as evidências fósseis que mostram a diferenciação nas espécies atuais, já outra explica a 'incrível coincidência' do caminho deste processo.
Antes de começar eu peço que você leia com atenção mais uma vez e se possível continue com a escritura aberta no capítulo 1 do livro de Gênesis. (Recomendo ler na versão NVI)
Ótimo! Agora que você leu quero lhe perguntar se você notou algumas coisas no texto. As perguntas serão apenas pra despertar a sua curiosidade e instigar o seu senso investigativo; depois vamos discutir suas respotas.
1) Percebeu que a palavra 'criou' só é usada em duas situações, na primeira criação (céus e terra) e na última criação (ser humano)?
2) Percebeu que tudo que surgiu depois da primeira criação e antes da última foi "orientado" a existir pela palavra 'haja'?
3) Percebeu que as coisas surgiram de forma crescente em 'grau de complexidade' (luz, água, terra, ervas, árvores, peixes, anfíbios, répteis, aves, animais terrestes, mamíferos e homem)?
Todas são questões que não percebemos quando lemos superficialmente um texto. É como vestibular, se não conseguir extrair todas as ideias que um texto lhe oferece, alguma questão você irá errar. Minha intenção - assim como a de Moisés - não é cientifica. Não pretendo propor um estudo minucioso para fortalecer teoria A ou B; pretendo desmistificar a expressão "se você acredita em Deus não pode acreditar na evolução", vice-versa.
O próprio texto escrito por Moisés em Gênesis 1, embora não científico, aponta uma questão interessante: Deus só usa a palavra ברא (bará) para o princípio da criação e para a criação do ser humano; e usa a palavra יהי (iêrrí) para as demais coisas. Lembrando que Bará é a palavra usada para definir a criação de algo que não existia antes e que só é usada para criação estritamente divina. Isso nos leva a pensar que as demais coisas criadas com Iêrrí surgiram de algo que Ele já havia criado pelo Bará (confuso?); ou seja, as primeiras coisas foram criadas e as outras foram criadas a partir da matéria das primeiras (abiogênese + biogênese). Quando o universo é criado (Bará) acaba gerando a criação da luz, que gera a criação das trevas (escuridão); e, com a criação primeira, a primeira matéria gera a água, a terra, o sol, a lua e as estrelas. E da matéria que está na terra geram-se as plantas e nas águas geram-se os peixes, que geram os outros animais aquáticos (e anfíbios), que geram os répteis, que geram aves, que geram animais terrestes e os mamiferos, tudo pela ação do 'Iêrrí'. Quando, intrigantemente, Deus usa novamente o bará para criar o ser humano, como se ele fosse criar algo completamente novo, "nós". Não é desmerecendo vocês animaizinhos mas "a gente somos os caras" ( =] ). Somos, na realidade, especialmente diferentes dos outros seres vivos. Não estou mostrando uma prova da evolução, até porque cientificamente não acontece assim; entretanto, mostro que a própria escritura não exclui sua existência, visto que o próprio Deus cria algo a partir do que já havia criado inicialmente, e orienta todo o processo de forma organizada em grau de complexidade, de forma evolutiva.
Por causa da forma de pensar exclusivista, que ambos os lados têm, que surgem os abusos em suas teorias. Vimos na postagem anterior dois exemplos deles com a geração expontânea e com a hipótese do acaso. Por muito tempo uma teoria tentou exterminar a outra desconsiderando tópicos notáveis de ambas. Hoje o criacionismo luta contra o evolucionismo pelo fato dele excluir a personalidade divina como atuante no processo de formação da vida; e na contramão, pelo fato do criacionismo dizer que tudo foi criado do nada. O interessante é que por mais improvável que seja o acaso para a evolução de uma espécie, e por mais fechada e inexplicável que seja a geração a partir do nada de um animal, seus seguidores ainda lutam entre si como se fosse uma luta épica entre o bem e o mal.
Segundo o argumento teleológico para algo ter uma finalidade deve existir uma razão ou lei que reja sua existência. Se algo foi criado existiu algo que o criou, se algo foi evoluído existiu algo que o evoluiu. Henry Quastler calculou a probabilidade de execução do acaso ao criar proteínas organizadas necessárias a vida e chegou a potência aproximada de 10 a -255 publicando no seu livro 'O Surgimento da Organização Biológica'. Mais tarde Michel Denton, em seu livro 'Evolução: uma teoria em crise', fruto da sua pesquisa que o levou ao seu PhD em bioquímica, comenta: "Obter uma célula por acaso
necessitaria de pelo menos cem proteínas funcionais que apareceriam
simultaneamente num só lugar. Isto equivale a cem acontecimentos
simultâneos, cada um com uma probabilidade independente que dificilmente
pudesse ser superior a 10 –20 , o que dá uma probabilidade máxima
combinada de 10 –2000 ." Denton é evolucionista e foi um dos defensores da hipótese do 'desenhista inteligente'. Ele propos uma teoria evolutiva conhecida como "evolução dirigida" que entende a evolução não como algo ao acaso mas algo planejado. Richard Dawkins, zoólogo, etólogo e evolucionista escreve em seu livro "A necessidade do Darwinismo" o seguinte texto: "Quanto mais estatisticamente
improvável é uma coisa, mas nos custa crer que ocorreu por cego acaso.
Superficialmente, a alternativa óbvia para o acaso é um Desenhista
Inteligente."
Portanto, esse sentimento que ainda hoje nos rodeia de sutentar nossas ideias custe o que custar, de não entender o que é claro a nós, que nos faz lutar uns contra os outros disputando as migalhas do conhecimento da vida e de seu surgimento. Estes homens pensam a frente do seu tempo quando deixam de lado o que as massas cegas dizem de suas teorias e se colocam como investigadores de seus próprios absurdos.
O extremismo é mortal para o crescimento do conhecimento. Ele nos impede de ouvir o diferente e de aceitar o óbvio. Desejo que Deus abençoe as nossas mentes com a sua sabedoria e discernimento necessário para entender alguns mistérios do universo e da vida.
Nas próximas postagens vamos falar sobre os capítulos 2 e 3 de Gênesis e comentar sobre assuntos polêmicos sobre estes capítulos. Agradeço a atenção e o interesse de vocês, e os espero nas próximas publicações!
Abraço a todos!