(Bereshit bará Elohim et hashamaím vêet haárets)
Olá amigos. Mais uma postagem sobre este tema. Hoje quero divulgar algumas curiosidades da língua hebráica e de sua cultura, e falar um pouco sobre a transliteração e suas dificuldades. Antes de começar quero lhe desejar um bom dia, uma boa leitura, agradecer por estar lendo meus estudos e desejar que a Graça se manisfeste a cada dia em sua vida.
Então, vamos nessa!
Este texto que pus nesta postagem é "No princípio criou Deus os céus e a terra"; sua escrita em hebráico e sua pronúncia abaixo. Lembrando que se lê no sentido contrário do nosso idioma; e, não tenho como colocar o "nekudot" ou sinais massoréticos - pontinhos ao lado, encima e embaixo das consoantes que dão a ideia das 'vogais' no hebráico - porque a formatação da fonte necessária não é aceita pelo blog.
Transliterar é como mapear um sistema idiomático em outro. É identificar os elementos e seus significados em uma língua e relacionar com os de outra. Por exemplo, apple é maçã na língua inglesa. E isso pode ser resolvido de uma forma simples, um ingles pega a fruta e diz: - Apple. Eu olho pra ele com a fruta na mão e retruco: - Maçã. Resolvido. Mas existem palavras em um idioma que não expressam apenas um simples objeto, mas se relacionam com alguma ideia ou expressão. Imagine como traduzir a expressão "vixe" para o inglês, ou a ideia "cabra macho" para o hebraico. Posso até traduzir as palavras individualmente, mas o significado que cabra tem isolada de macho é totaltemente diferente delas juntas. Portanto, a transliteração não é um simples ato de traduzir palavras, mas de buscar significados semelhantes entre os dois idiomas.
A palavra בראשית (bereshit) - que traduzimos como 'no princípio' - é uma destas palavras que expressam uma ideia e não um objeto. Para entender a ideia de bereshit temos que entender o nome usado para Deus logo após, אלוהים (Elohim). Como já havia comentado na postagem anterior este nome é uma espécie de abreviação (substituição) do nome יהוה אלהים (Yahoh Ulhim), que significa "Criador Eterno". A palavra Ulhim é como um título da eternidade - 'aquele que era, que é e que será para todo sempre' - e estabelece uma das mais fortes ideias sobre a pessoa de Deus. Desta forma algo que foi criado primeiro existe por que existia já alguém antes para o criar; sendo essa ideia que a palavra bereshit passa com o seu significado: no momento que se fez para existir as primeiras coisas. Se formos usar na transliteração o significado em vez de uma palavra que se aproxime dele, teríamos uma tradução muito próxima do que seu significado quer dizer, porém, muito extensa e complexa. Por esse motivo substituimos o significado exato de uma ideia por uma palavra de significado semelhante em nosso idioma, no caso, princípio, que quer dizer causa primária, momento, local ou trecho em que algo tem sua origem. Então em vez de 'No momento que se fez para existir as primeiras coisas foi criado pelo Criador Eterno os céus e a terra', temos 'No princípio criou Deus os céus e a terra'.
Outra coisa interessante no idioma hebráico é que a ação de criar primariamente é exclusiva a Deus, ou seja, Ele cria e o humano apenas transforma algo aquilo que foi criado. É uma maneira interessante de se ver porque é uma verdade. Nós não criamos o aço inoxidável, apenas combinamos proporções de ferro, carbono, níquel e cromo em uma liga metálica. Não criamos uma formúla molecular de um remédio, mas tratamos quimicamente compostos que através destas reações unem seus atómos na disposição que queremos. Não criamos novos elementos químicos, mas bombardeamos seus núcleos com partículas menores forçando-os a buscar um equílibrio controlados pelos cálculo feitos previamente; e nem estas partículas. Resumindo, o que criamos, enfim? Realmente nada. Uma forma interessante de ver a dos hebreus. Porém, como reformar o nosso idioma para se adequar a uma ideia destas? Não dá! E também não é errado o fato de considerarmos que criamos algo, são palavras e significados apenas, não muda a essência do universo, a que só transformamos as coisas. A palavra ברא (bará) define uma criação genuína, de algo que nunca existiu e começou a existir, algo único; diferente do verbo ליצור (lits'or/criar) que tem como sinônimo לשנות (leshanoht/transformar).
Concluindo, os hebreus diferenciavam a criação divina (genuína) da criação natural (transformação da matéria). No próximo post vamos discutir sobre duas teorias, criacionista e evolucionista, e desmitificaremos alguns tabus que separam estas duas teorias.
Muito obrigado pela sua atenção, e até a próxima.
Um grande abraço!
A palavra Elohim está no plural, pois apresenta a letra hebraica "ם - Mem Sofit" usada somente no final indicando pluralidade, então é certo dizer que seriam deuses, possivelmente indicando a trindade unitária divina.
ResponderExcluirOu são 'deuses' ou Moisés era monoteísta, de duas uma, escolha!
ExcluirEwerton, o fato da palavra estar no plural, não significa que o objeto também esteja (ou o seja). Marcos é uma pessoa, não alguns "marco", bem como Jonas não é referência a alguns "Jona." No texto de Gn 1, Elohim é a palavra que designa Deus, de forma singular. Reconhecemos sua pluralidade não pela palavra estar no plural, pq se assim o fosse, teríamos de usar a mesma lógica para as dezenas de vezes que Elohim aparece no texto veterotestamentário. Reconhecemos porque Elohim disse: "'façamos' o homem... à 'nossa' imagem e semelhança."
ExcluirMem é a letra, sofit é a descrição da letra, que significa final, último.
@Thiago não me refiro a lógica me refiro a escrita hebraica, como Manoel mesmo citou abaixo, são dúvidas sobre a própria gramática, por isso usei a palavra "possivelmente."
Excluir@Anônimo: Sua resposta não tem nada haver com o assunto que abordei.
Bom questionamento; e, digo que esta é uma dúvida profunda sobre a escrita hebráica. Realmente, em regra, as palavras terminadas em 'ם' são plurais, e seguindo esta regra deveria ser lido Deuses e não Deus. Porém observando céu e céus ele tem a mesma escrita que é 'שמים' (ambas terminadas em Mem) mas o que o faz sua flexão é uma junção de elementos externo a palavra, ou seja, ela não possui uma flexão comum a regra mas depende de outros elementos, que neste caso é o 'את ה'. Esta dúvida talvez nunca seja esclarecida porque não temos escritos que falem das reformulações ortográficas do idioma hebráico. Nosso idioma também possui alguns casos do tipo, exemplo: lápis, óculos e pires terminam em 's' mais não são plurais. O israelita lê a palara Elohim por Deus referindo-se a יהוה (Yaohuh ou Jeová como traduzimos).
ResponderExcluirOlá Manoel! Gostária que se possível for, você me explicasse como Deus fez uma mulher apartir da costela de Adão. Na minha opnião, vejo o ser humano na forma de uma pedra brusca antes de chegar a sua presença, quando ela se permite á isso, ela é lapidada até chegar a uma forma de pedra valiosa (espero que você tenha me entendido) A palavra de Deus é espiritual, e se discerne espiritualmente. 1Co 2:14
ResponderExcluirOi Lúcia! Tudo bem? O tema da sua pergunta será discutido um pouco mais a frente, mas vou adiantar esta reposta! Essa questão trata-se de uma figuração onde a mulher ser criada da costela signifca que ela é uma só carne com o homem, que será unida a ele, estando ao seu lado e auxiliando em seu caminho, vice-versa.
ExcluirManoel, desde já peço desculpas se estiver fugindo do assunto.
ResponderExcluirQuando se fala de criação eu penso logo na pergunta, qual a intenção de D’us ao criar/gerar o mundo? (não sei qual termo você entende como mais apropriado)? Qual o plano de D’us para sua criação?
Aí eu me deparo com os versículos 29 e 30 do primeiro capítulo do gênesis (Bereshit/ ראשית):
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
Com isso, eu entendo que nós e também os animais deveriam ser vegetarianos. Temos até um segmento do cristianismo que ensina isso em suas igrejas, a saber, a igreja adventista reformada.
Então, como acha que devemos entender isso? D’us criou os homens e os animais, ambos para serem vegetarianos, de acordo com seu plano.
O cristianismo e o judaísmo devem, portanto, pregar o vegetarianismo?
Afastamos-nos tanto do plano divino que nem a maneira como tratar os animais (talvez não tão valiosos quanto à humanidade) sabemos? Ou seja, não sabemos como nos portar diante da criação divina, menos ainda diante de D’us? Os planos de D’us para o homem limita-se apenas a uma moral do homem para com o homem?
Oi! Tudo que é criado tem uma finalidade. Apesar de sabermos que tem um motivo, falar dele é complexo. Existem muitas correntes de pensamento que falam sobre isso. Algumas vão ser comentadas na Parte 5 e 6 desta série de estudos quando eu for falar sobre a humanidade. Mas, adiantando pra você, esta é uma resposta muito misteriosa, pois nada do que foi criado necessitaria ser senão pela vontade de Deus.
ExcluirQuanto a questão do vegetarianismo do homem e dos animais, era desejo de Deus que o homem fosse vegetariano e também os animais para que fosse preservada a vida de todo ser no jardim; e, para isso Deus fez um lugar riquíssimo em ervas e árvores que dariam suporte a esta prática. Porém, com a queda da humanidade ao pecado, e a inesperada expulsão de todos daquele lugar maravilhoso e rico em alimentos para uma terra árida e infrutífera, levou o homem e alguns animais a competirem pelo alimento, começando assim, a prática carnívora. Vemos isso com Abel oferecendo do seu rebanho a Deus. Vemos baseados na pré-história que os nômades (mesma situação dos que foram expulsos do Éden) eram carnívoros. Nas próximas publicações vamos ver que fora do jardim já existia vida, inclusive seres humanos, que eram carnívoros e herbívoros.
Ser carnívoro não é errado ou pecado! Ser carnívoro é apenas buscar na vida de outro animal o sustento para a sua. No Novo Testamento, na carta aos Romanos, Paulo fala sobre o vegetarianismo e carnivorismo, e pede ao que come carne que respeita a "fraqueza da fé" do outro e ao vegetariano que não condene o outro por come de tudo pois Deus o aceitou. A questão não é o que comemos ou não, mas o respeito ao que comemos, sabendo que aquilo é vida e criação divinas.
Vegetarianismo e Carnivorismo são opções de uma escolha nutricional. Eu como dos dois e muito. Até os meus 19 anos, quando ainda morava no interior da Paraíba, em Princesa Isabel, eu "caçava e pescava" meus alimentos animais, também matava do rebanho da minha família para nos alimentar, mas sempre respeitei a vida de cada animal e sempre os tratei muito bem enquanto vivos, porque sei que cada vida é preciosa.
Os planos de Deus para nós são muitos e a vida é o mais misterioso deles. O amor a criação leva você a entender a moral da vida, e leva a entender porque mesmo nós sendo criados para sermos vegetarianos Deus nos aceita carnívoros depois da nossa queda. Para ilustrar sobre isso vou compartilhar um momento que vivi a pouco tempo. Em uma manhã de domingo saí com os irmãos da minha congregação para uma granja fora da cidade para passar uma manhã de lazer e comunhão. Chegando lá perto do rio uma cobra venenosa saiu sorrateiramente dos arbustos e só eu ví (também devido a minha experiência com a caça). Se eu estivesse só eu salvaria sua vida, mas alí estavam muitas crianças, e fui levado a escolher entre sua vida e a possibilidade dela picar uma criança ou um adulto e virem a morrer (pela distância até o socorro). Naquele momento eu tirei a vida daquela cobra, e fiquei com meu coração partido por saber da importância dela para seu ecossistema, e porque não a sacrifiquei para me alimentar. Mas, fiz aquilo porque julguei ser melhor ela morta do que ver uma daquelas crianças mortas. Mas mesmo assim com todo o respeito àquela vida que eu havia tirado, a peguei com minhas mãos, cavei um buraco e a enterrei, com lágrimas no meu coração.
Ao conhecer Deus e entender sua criação é impossível não respeitar a vida, mesmo em suas mínimas aparições. Ao comer, seja vegetais ou animais, temos que ser gratos porque a vida neles mantém a vida em nós.
Obrigada Teatcher!!!
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